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A Obsolescência Programada

  • Foto do escritor: Alexandre Lombardi dos Santos
    Alexandre Lombardi dos Santos
  • 1 de out de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de out de 2024

A produção de produtos com vida útil decrescente, muitas vezes com falha incorporada, forçando os consumidores a comprarem um novo modelo em intervalos regulares, é uma prática comum em uma variedade de indústrias em todo o mundo, entre as quais, principalmente, a eletrônica.

Essa tendência é chamada de obsolescência programada e não engana apenas os consumidores, mas também leva a danos ambientais e sociais significativos. Nesta redação, a obsolescência programada será abordada do ponto de vista econômico, ambiental e ético, com base no espaço do mercado de smartphones, no qual a vida útil sem falhas de um dispositivo dificilmente dura mais de um ano.


A obsolescência programada é descrita por Spiekermann como um fenômeno que cria ciclos autossustentáveis de avanços tecnológicos. Conceitualmente, a obsolescência programada remonta às primeiras décadas do século XX. O fenômeno floresceu logo após o início do século e se tornou particularmente proeminente durante a Grande Depressão, período em que os fabricantes buscavam maneiras de estimular a demanda dos consumidores. 


Contribuições notáveis ​​para o desenvolvimento da obsolescência programada vieram do fundador da General Motors, Alfred P. Sloan. Sloan introduziu originalmente o conceito-meio de controle de qualidade em massa em uma tentativa de criar um ciclo contínuo de consumo.


Essa aplicação é uma estratégia de mercado onde a vida útil de um determinado produto é artificialmente reduzida para garantir que os consumidores tenham que comprar um novo com frequência. Nesse caso, isso pode ser feito, por exemplo, por meio de atualizações que tornam o hardware lento ou por atualizações do sistema não disponíveis para dispositivos mais antigos. Os fabricantes também podem simplesmente usar materiais baratos e com falta de especialização do desenvolvimento de peças de reposição em certos períodos para forçar os consumidores a comprarem novamente.


A obsolescência planejada leva a um ciclo vicioso, uma vez que, desse modo, os consumidores se veem obrigados a comprar novos dispositivos constantemente, alimentando o ambiente de consumo excessivo.


Para além das implicações econômicas, a obsolescência programada acarreta sérias implicações ambientais. A produção sem interrupção dos produtos descartáveis requer uma quantia significativa de capital natural, uma vez que utiliza metais raros, plásticos e em muitas ocasiões, esses produtos são agravadores para o meio envolvente, tanto quanto na sua produção quanto no descarte deles.


Após serem descartados, esses produtos, na maior parte das vezes, vão parar em aterros sanitários ou incineradores, contribuir para a contaminação do solo, da água e do ambiente. O lixo eletrônico é particularmente sério nesse sentido, uma vez que contém substâncias tóxicas que podem contaminar ecossistemas e pôr sérios riscos à saúde humana.


Desde uma perspectiva ética, essa prática levanta preocupações sobre a responsabilidade social das empresas. O fato de produzirem produtos com uma menor durabilidade são, na sua essência, uma desonestidade para com o consumidor e altamente exploratório em vista do ambiente.


Considerando que muitos dos recursos necessários para produzir produtos eletrônicos são extraídos de países em desenvolvimento, em muitos casos, a necessidade de extração de materiais raros é veiculada com péssimas condições de trabalho e consequências negativas para a comunidade local.


As regulamentações e os desempenham um papel essencial na limitação dessas práticas. A União Europeia, por exímio, promoveu várias leis, nomeadamente a Diretiva de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos e o Regulamento de Design Ecológico para promover a reciclagem e eficiência dos recursos, forçam os fabricantes a considerarem os efeitos dos produtos para o meio ambiente ainda durante a sua utilização. No entanto, apesar dessas iniciativas serem bastante efetivas, elas são ainda insuficientes para causar um grande impacto positivo.


Em se tratando da crítica política e social, essa prática tornou-se uma das principais bandeiras do capitalismo predatório, pois para produzir, extrai a matéria-prima, geralmente oriunda de países em desenvolvimento ou umas, causando inúmeros problemas de saúde, exploração dos trabalhadores, trabalho precário, etc. e ainda a preços irrisórios, como, por exemplo, o silício e o lítio.


Após produzidos, aplicam nesses produtos a prática da obsolescência programada, enganando os consumidores e subvertendo a lógica que poderia ser a mais honesta e ética possível, para a lógica capitalista mais traiçoeira e dissimulada, junto aos consumidores, fazendo-os trocarem de produtos pagando valores cada vez mais altos.


A ideologia capitalista é encarregada de dissipar essa lógica, da troca dos aparelhos, como se fosse necessária, mas também se utilizada da propaganda e da publicidade como veículo de transmissão dessa prática. Faz isso tanto vendendo aos consumidores a ideia de que a substituição precisa ocorrer, tanto quanto impondo à sociedade e dizendo a ela o que é “moda” e o que não é. O capitalismo lhe parece justo, após todos essa logica apresentados?


A obsolescência programada é um fenômeno complexo que reúne tópicos de consumo, sustentabilidade e ética empresarial em um tópico controverso. Explorar suas implicações e alternativas possíveis nos permite trabalhar em direção a um futuro no qual a durabilidade e a responsabilidade ambiental são considerações dominantes. Cabe a todos escolher–o consumidor e a empresa.[1][2][3]



[1] Carvalho, C., A., D., S., Miranda, M., G., D., Avelar, K., E., S. (2023) Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Obsolescência Programada e Psicológica: impactos sobre pessoas e o meio ambiente Revista Interdisciplinar do Direito-Faculdade de Direito de Valença

[2] Grubba, L., Locatelli, H. (2023) Obsolescência programada Revista de Direito

[3] Calazans, A. (2024) A Obsolescência Programada em questão Philósophos-Revista de Filosofia

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