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O Fracasso do Sonho Americano

  • Foto do escritor: Alexandre Lombardi dos Santos
    Alexandre Lombardi dos Santos
  • 2 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de out. de 2024



Frequentemente, somos induzidos a acreditar que qualquer pessoa pode enriquecer apenas com esforço. Contudo, é essencial entender que essa narrativa despreza os privilégios e as desigualdades sociais existentes no sistema capitalista. 


As histórias de sucesso individual frequentemente mascaram serem moldadas por diversos fatores, como origem social, acesso a oportunidades, redes de apoio e até mesmo a sorte.


É fundamental perceber que o sucesso não resulta unicamente do trabalho árduo, mas sim da combinação complexa de múltiplos elementos. Ao reconhecer as barreiras e desafios enfrentados por aqueles que buscam alcançar seus objetivos, conseguimos desmantelar a ilusão de que apenas o empenho gera riqueza.


É comum ouvirmos depoimentos como este: “Meu pai era agricultor e não tinha educação formal, assim como minha mãe. Ela lavava roupas para vizinhos para conseguir alguma renda, mas se esforçaram para me colocar em uma boa escola e agora trabalho nessa excelente empresa…”. Não se pretende aqui subestimar ou desmerecer o sofrimento e dedicação dos pais para o filho chegar onde está. A questão a ser levantada é: entre todos os pais que trabalharam com a mesma ou maior intensidade que os do exemplo mencionado, quantos filhos alcançaram um sucesso semelhante?


O exemplo acima é meramente ilustrativo, mas experiências semelhantes ocorreram em uma empresa onde trabalhei. No dia seguinte, resolvi perguntar a vários colegas quais recursos utilizaram para estudar e o que seus pais faziam…


  A resposta veio como um choque para mim… A maioria tinha pais sem educação formal e suas histórias eram bastante parecidas com o exemplo citado. Pensei comigo: “Então essa ideia de Meritocracia faz realmente sentido!”.


Ocorreu-me uma nova ideia. “Se isso é verdade aqui, deve ser verdade em muitos outros lugares!”. Decidi fazer a mesma pergunta aos colegas do ônibus fretado que nos levava para casa após o trabalho. Lá encontrei uma realidade bem diferente. Havia uma diversidade de ocupações; as pessoas não exerciam as mesmas funções. Havia copeiras, empregadas domésticas e trabalhadores da construção civil que mal conseguiam pagar pelo transporte.


Ao questionar sobre seus pais, percebi que eles também haviam trabalhado tanto quanto os dos exemplos anteriores. Fiquei emocionado ao ouvir relatos sobre como seus pais sonhavam em proporcionar algo melhor do que tiveram e almejavam “bons estudos” para eles, mas não conseguiram realizar esses sonhos.


Perto do local onde trabalhávamos havia um posto de gasolina em construção. No dia seguinte, ao chegar lá, informei estar fazendo uma pesquisa. Não fiquei surpreso ao descobrir que todos aqueles com quem conversei tinham pais igualmente trabalhadores. Muitos deles já eram avós e continuavam trabalhando para auxiliar nas despesas familiares; também compartilhavam desse mesmo sonho frustrado.


Refletindo sobre a ideia de “trabalhe duro e você conseguirá”, fica claro que muitos relatos de sucesso resultantes do esforço dos pais ou dos próprios filhos não devem ser considerados isoladamente; é necessário olhar, além disso—para os arredores e as circunstâncias mais amplas—onde existem muitas outras empresas e trabalhadores em diferentes situações.


Assim voltamos ao início deste texto e concluímos que trabalhar arduamente trouxe ânimo e esperança tanto para pais quanto para filhos batalhadores, mas infelizmente eles não conseguiram alcançar nada além da continuidade na luta pelo sonho—um sonho que jamais se concretizará.

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