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Tecnologia de informação como mecanismo de alienação e controle no mundo do trabalho.

  • Foto do escritor: Alexandre Lombardi dos Santos
    Alexandre Lombardi dos Santos
  • 27 de out. de 2024
  • 4 min de leitura
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Os métodos e os processos de gerenciamento que as empresas usam hoje para controlar e monitorar o trabalho são um dos grandes responsáveis pela alienação, exploração e limitação da criatividade dos funcionários. Não dá para olhar para esse processo sem considerar o sistema em que ele está inserido, já que tudo funciona como engrenagens em uma máquina: operam juntos, geralmente de forma harmônica, e geram resultados positivos. Se não for assim, a própria máquina acaba se destruindo.  


É por isso que surgem crises de tempos em tempos, que auxiliam o sistema a se reorganizar e seguir em frente. Ignorar essa dinâmica da ideologia capitalista predominante e meritocrática é difícil, já que ela não se sustenta nos fatos. 


Fatores extrínsecos às organizações erguem-se como pilares que sustentam todo o edifício, em meio a tempestades econômicas sistemáticas e crises sazonais. A redução de direitos dos trabalhadores exacerba um ambiente onde ameaças rondam, quais sombras inquietantes no cotidiano dos empregados.  


O temor do desemprego ou da diminuição salarial paira sobre eles como nuvens carregadas prestes a desabar. Assim se tece uma tapeçaria coesa e intrincada, moldada por essa multifacetada de variáveis externas; contudo, mesmo esta fachada sólida revela fragilidade sob escrutínio minucioso.  


Ao penetrarmos mais profundamente nas camadas complexas deste cenário socioeconômico, temos diante de nós desafios éticos impactando tanto indivíduos quanto coletivos sociais—os resultados das práticas vigentes espalham suas reverberações com intensidade marcante na tessitura social ao largo prazo.  


As organizações formam as colunas mestras que sustentam o edifício do capitalismo moderno. Desde os bancos e instituições financeiras, que cuidam da dança constante das moedas ao possibilitar sua circulação ininterrupta, até indústrias robustas e empresas comerciais dinâmicas engajadas na criação e venda de bens tangíveis ou serviços intangíveis.  


 Todos esses elementos compõem a complexa tapeçaria social em que vivemos hoje. Nossa existência cotidiana está profundamente entrelaçada com essas entidades: elas satisfazem necessidades essenciais (muitas vezes moldadas pelo próprio mercado) enquanto nos oferecem um palco onde podemos trocar nosso vigoroso esforço por dinheiro sonante.  


Entretanto, no cenário deste grande teatro econômico, ecoa também uma reflexão crítica elaborada por Marx sobre o destino laborioso dos trabalhadores; ele postulou o conceito de “mais-valia”, aquele quinhão suado do trabalhador deliciado nas mãos ávidas dos capitalistas como tributo pela produção coletiva humana.  


É assim esta intricada dança de dependência mútua, mas desequilibrada partilha, dançada através dos tempos pelas gerações sob inúmeras formas institucionais diferentes dentro desta sociedade tão calcificada pelo desejo insaciável inovadora ainda igualmente ancorado na histórica numa tradição economicamente solidária-antagônica quintessencialmente movida pelo lucro 


Desde que esta organização serve como a engrenagem vital do capitalismo, ela replica fielmente o seu modus operandi. Dentro dessas empresas reside um vasto arsenal de contradições internas, perpetuadas pelo sistema capitalista e amplificadas mediante discursos e ideologias. Essas ideias são fragmentadas e absorvidas por outros métodos até se converterem em portadoras de sentidos distorcidos; assim passam despercebidas pela maioria dos trabalhadores. Curiosamente, esses mesmos trabalhadores as incorporam em sua visão de mundo como se fossem criações próprias. 


  O modo como os trabalhadores atuam e se comportam está intrinsecamente entrelaçado com a cultura e o contexto que os envolve, sendo moldado por nuances individuais de comportamento. Muitas vezes, essas dinâmicas ocorrem em cenários subjetivos quase invisíveis sob determinadas circunstâncias específicas. Essas ações são desempenhadas persistentemente e assimiladas com naturalidade ao ponto de serem percebidas como normas incontestáveis, imunes a qualquer escrutínio ético ou reflexão sobre valores e consequências. 


Com relação à falta de privacidade, ela acontece não só nas organizações, mas dentro e fora dela. Nosso foco é expor internamente essas organizações que os supervisores de antigamente estão sendo substituídos por câmeras automatizadas, que fazem muito mais de que filmar, elas conseguem por meio de programação, saber se tal trabalhador fez um movimento não previsto, ou quem foi ao banheiro e quantas vezes. 


No que tange aos especialistas de tecnologia da informação, ao cruzar o limiar da empresa, você assina um documento que outorga à organização o direito de monitorar seu computador. Todos os dados manipulados ou trabalhados nos muros corporativos tornam-se parte do valioso tesouro intelectual pertencente à entidade empregadora.  


Contudo, a vigilância não se limita às câmeras espreitando e aos olhos invisíveis nos computadores; ela também se estende pelo domínio das redes Wi-Fi e frequentemente e pelas catracas eletrônicas silenciosamente zelosas nas portas automáticas. Existem guardiões encarregados de selecionar esse fluxo incessante de bits e bytes provenientes dos empregados. Esses elementos brutos são trabalhados e transformados em informações precisas — quase como uma cartografia detalhada das jornadas internas — revelando com precisão onde cada colaborador esteve durante suas horas sob este céu encoberto pela teia tecnológica empresarial.  


Desde o surgimento do taylorismo até a fascinante teoria sistêmica, passando pela administração por objetivos e chegando à efervescente gestão orientada por processos — que já foi uma verdadeira sensação alguns anos atrás — culminando na metodologia AGILE, agora amplamente adotada atualmente, os trabalhadores atuam como personagens secundários nesse grande teatro corporativo. Eles seguem fielmente os ditames dos líderes empresariais cujos pensamentos estratégicos e ações são moldados pelos imperativos capitalistas da máxima lucratividade. Assim sendo, tudo é guiado com precisão cirúrgica para servir incessantemente ao eterno objetivo do lucro crescente. 

 

Os inúmeros modelos de administração e gestão, juntamente com as normas e padrões adotados pelas organizações, são cuidadosamente estruturados e definidos para alinhar-se aos requisitos do negócio. Este último é intrinsecamente moldado pelas necessidades insaciáveis dos clientes—necessidades essas que surgem das engrenagens incessantes do capitalismo consumista. 

 

O propósito derradeiro e a ambição suprema residem na excelência da otimização dos processos, assegurando assim o máximo lucro para os acionistas. Aos empregados, reserva-se apenas o indispensável para alcançar esse objetivo principal. Sob essa lógica implacável, forjam-se instrumentos e tecem-se ideologias que tornam as pessoas cada vez mais prisioneiras de mecanismos alienantes. Isso alimenta uma incapacidade latente de reflexão crítica ou expressão criativa autêntica — um estado onde todos devem seguir rigorosamente esses preceitos laboriosamente construídos para preservar essa ordem inabalada. 


A finalidade última e a grande ambição é polir os processos até o brilho da perfeição, assegurando lucros resplandecentes para os acionistas. Aos trabalhadores, contudo, reserva-se apenas aquilo que se julga estritamente essencial para alcançar tal propósito grandioso.  


Nesse panorama meticulosamente arquitetônico, todas as ferramentas e dogmas emergem como intricadas redes destinadas a transformar indivíduos em meros peões dos mecanismos estabelecidos — figuras alienadas de seu próprio potencial criativo e do prazer reflexivo inato à consciência humana. Esses sistemas são habilmente concebidos e implantados com precisão cirúrgica; devem ser seguidos à risca como um roteiro inflexível no teatro corporativo, onde cada ato converge inexoravelmente ao espetáculo final:


Maximização absoluta de resultados financeiros acima da alma coletiva ou individualidade pensante daqueles que nele participam. 

 

 

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