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Tecnologia para quem - A teoria critica da tecnologia

  • Foto do escritor: Alexandre Lombardi dos Santos
    Alexandre Lombardi dos Santos
  • 21 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de fev.

o consumismo exacerbado
O consumismo exacerbado

Tecnologia para quem - A teoria critica da tecnologia defende a emancipação e esclarecimento dos indivíduos, que precisam ser autônomos em suas escolhas para transformar a realidade na qual vivem. Assim, eles se tornam sujeitos ativos e não passivos diante dos acontecimentos.


As organizações, que são o coração do sistema capitalista, têm um interesse central em implementar práticas reconhecidas como transformadoras e eficazes na gestão de recursos e processos. Isso permite impulsionar os lucros e reduzir custos ao privilegiar a eficiência operacional e o planejamento estratégico.


Entretanto, a aplicação da técnica nesse contexto contém um elemento central subestimado e intrínseco; esse elemento, embora pouco perceptível e restrito, condiciona e controla as possibilidades de emancipação do indivíduo.


Há várias teorias que exploram a relação entre tecnologia e sociedade. Autores como Andrew Feenberg e Renato Dagnino, dentre outros, são frequentemente mencionados nesse contexto. Neste artigo, apresentarei um resumo simplificado dessas teorias e também incluirei minha opinião sobre o assunto. A tecnologia pode possuir essencialmente três características, sendo:

1 - Neutra

2 — Solicitada pela sociedade

3 — Orientada pelas organizações, com foco no lucro


Antes de abordar esses itens, é importante reconhecermos que a sociedade não se configura como um sistema estável, uma vez que está sujeita a um dos mais poderosos agentes de transformação das estruturas sociais: o conhecimento técnico, isto é, dados, informação e conhecimento.


No primeiro caso, precisaríamos admitir que a tecnologia não tem impacto na sociedade nem nas empresas. A evolução tecnológica ocorreria de maneira independente da influência social ou organizacional. É difícil que isso aconteça, ao existirem muitos agentes com poder de influenciar as demandas em busca do lucro, utilizando uma série de ferramentas como publicidade, propaganda e até fake news.

Praticamente todas as invenções e inovações tecnológicas ocorrem nas universidades públicas ou naquelas financiadas pelo governo. Tecnologias como a internet e o micro-ondas tiveram sua origem em órgãos estatais. Posteriormente, acabam sendo aproveitadas pela indústria privada para desenvolver produtos e usufruir das pesquisas realizadas pelo Estado.


No segundo caso, a tecnologia evolui segundo as necessidades da sociedade. No entanto, isso também parece inverossímil, pois observamos uma rápida introdução de novos produtos com funcionalidades mínimas adicionadas que não impactam significativamente o usuário comum. Esse fenômeno é motivado pelo lucro e conhecido como obsolescência programada.


No terceiro caso, isso reflete o que acontece com a tecnologia no sistema capitalista. Diversos “players” — organizações com grande poder financeiro e político — competem entre si usando técnicas: uma linguagem geralmente estranha para a maioria das pessoas, decidindo qual estratégia seguir em busca de maior lucro ao menor custo possível.

Você poderá entender melhor essa prática se imaginar o seguinte:


  • Qual poderia ser a opinião de um cidadão argelino sobre o uso da tecnologia? Você acredita que as tecnologias necessárias para ele, que não inclui o celular, já estão disponíveis em seu país?


  • Em uma pequena cidade onde 30% da população vive em áreas rurais, uma empresa decide implementar a tecnologia X que só funciona na área central. Assim, os moradores das zonas rurais não poderão se beneficiar dela. A decisão foi baseada no fato de que a empresa obterá grandes lucros com os 70% dos residentes urbanos e seu custo aumentaria muito para estender o serviço aos habitantes mais distantes. Não deveria a tecnologia atender às necessidades da sociedade na totalidade ao invés de focar apenas em gerar lucro com parte dela?


  • A obsolescência programada é um fator crucial por revelar o comportamento das empresas ao lançarem uma tecnologia atrás da outra. Certamente, isso foi parte de suas estratégias e não resultado direto das demandas sociais.


  • A questão da internet e privacidade destaca como sua estrutura é influenciada por interesses de poder e controle. As empresas que lideram neste espaço utilizam tecnologias de rastreamento para coletar dados dos usuários, vendendo essas informações a anunciantes. Isso levanta preocupações acerca da privacidade e liberdade pessoal.


Esta é uma questão que todos devemos considerar, pois às vezes a tecnologia avança um passo à frente enquanto a sociedade regride dois.

Quem realmente se beneficiou com essa inovação?

Qual parte da população obteve vantagens?

Será que aqueles mais necessitados também foram incluídos?


Perdemos terreno quando sacrificamos totalmente nossa privacidade.


Referências

1. **Feenberg, A.** (1999). *Questioning Technology*. New York: Routledge.

2. **Dagnino, R.** (2009). “Tecnologia e Sociedade: Algumas Questões.” *Revista Brasileira de Política Internacional*.

3. **Marcuse, H.** (1964). *One-Dimensional Man: Studies in the Ideology of Advanced Industrial Society*. Boston: Beacon Press.

4. **Winner, L.** (1986). *The Whale and the Reactor: A Search for Limits in an Age of High Technology*. Chicago: University of Chicago Press.

5. **Postman, N.** (1993). *Technopoly: The Surrender of Culture to Technology*. New York: Vintage Books.

6. **Heidegger, M.** (1977). “The Question Concerning Technology.” In *The Question Concerning Technology and Other Essays*. New York: Garland Publishing.

7. **Schiller, D.** (1999). *Digital Capitalism: Networking the Global Market System*. Cambridge: MIT Press.

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